• Investimento por concessão é o caminho para questão hídrica no País

    Publicado em 29.10.2020 às 18:54

    A Fieg, por meio do Conselho Temático de Meio Ambiente, promoveu nesta quinta-feira (29/10), em parceria com a Câmara de Cooperação Israel-Brasil Central (CCOPIB), o webinar Gestão das Águas Urbanas em Israel e no Brasil.

    O encontro, pela plataforma Zoom, foi mediado pela gestora da CCOPIB, Jusciene Schabbaca, e contou com participação de seu presidente honorário, Gustavo Mendanha, atual prefeito de Aparecida de Goiânia; representantes de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Tocantins e Distrito Federal, além de empresários e interessados no assunto.

    Ao abrir o encontro virtual, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, destacou a importância da troca de experiências. “Esse aprendizado é muito importante. O Brasil, com toda essa abundância hídrica, ainda tem problemas. Precisamos aprender com quem sabe e aprendeu a sobreviver no meio do deserto, e não sofre com falta de água”, afirmou, em referência ao fato de cerca de 65% da área do país do Oriente Médio ser de deserto, somado aos baixos índices pluviométricos.

    Coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV, Gesner Oliveira apontou em sua explanação que investimentos em infraestrutura por meio de concessão são o caminho para a recuperação da situação hídrica do Brasil. Em sua comparação, a universalização do saneamento absorverá recursos de R$ 498 milhões, com um impacto de R$ 1,4 trilhões, maior do que o da Reforma da Previdência. Segundo o coordenador, o setor privado já mostrou interesse em investir no saneamento, mas ainda falta segurança jurídica.

    “Metade da população brasileira não tem coleta de esgoto e isso implica no atraso da economia. O saneamento é essencial para a economia circular. Diariamente, o Brasil perde o equivalente a 7,1 mil piscinas olímpicas por dia, 6,5 bilhões de metros cúbicos por ano, somando um prejuízo de 12,3 bilhões”, ressaltou.

    O professor observou que os investimentos na área hídrica também dependem de três aspectos do novo marco regulatório – regulação, competição e eficiência –, o que exige segurança jurídica e regras técnicas sem interferências políticas para que os contratos sejam respeitados.

    “Por muito tempo fomos negligentes nessa questão da água. São séculos de história que o País não deu atenção a essa situação. Agora, visualizando esse cenário entre Brasil e Israel percebemos que o problema não está nos recursos naturais, mas sim trata-se de um problema de gestão, de regulação. Não existe uma universalização da água tratada, metade da população não tem coleta de esgoto. Precisamos trabalhar o ciclo da água, temos que começar a pensar em termos de economia circular”, defendeu Oliveira. 

    CEO da IDE Technologies, Gal Zohar participou do encontro diretamente de Israel e explicou como é a gestão das águas realizada pela companhia. “Em Israel, temos apenas 4 milhões de metros cúbicos de água por ano e, para sobrevivermos, reutilizamos mais de 90% de nossa água para agricultura. Já no caso da água potável, desenvolvemos plantas de desanilização da água do mar”, explicou. Gal Zohar reafirmou o interesse no mercado brasileiro para desenvolver projetos de tratamento de água.

    Com base em incursões feitas por vários regiões, o embaixador israelense no Brasil, Yossi Shelley, disse que o País “não tem falta de água, tem que saber tratar o esgoto, não jogar água fora da forma que acontece aqui, água precisa ser tratada”. Ele reforçou a disposição de Israel para ajudar a superar essa situação.

    O vice-presidente da Fieg Flávio Rassi registrou a importância da discussão e disse que a federação conta com o exemplo de Israel e de outros países para desenvolver projetos que impactam diretamente o meio ambiente e a economia. “Não podemos contar só com a abundância do nossos recursos hídricos, temos que ser proativos e trazer melhores investimentos para nossas indústrias em nosso Estado”, ressaltou.