Fieg promove debate sobre sistema que auxilia projetos da construção civil Publicado em 11.11.2020 às 13:35 Reprodução A Câmara da Indústria da Construção (CIC) da Fieg promoveu nesta terça-feira (10/11) o workshop Implementação do Building Information Modeling (BIM). O encontro debateu o sistema, no qual é capaz de unir informações geradas durante todo o ciclo de vida de uma obra e pós-obra. O modelo permite simular a edificação e entender seu comportamento antes da construção real ter sido iniciada, o que, conforme o órgão, auxilia nas decisões de projeto. O evento contou com a participação de empresários, representantes da gestão municipal e estadual e profissionais ligados à construção civil. No encontro virtual, a organização enfatizou os principais desafios da implantação da tecnologia, aspectos da gestão de empreendimentos na plataforma e o papel do Senai na capacitação dos profissionais.O debate foi mediado pelo empresário Sarkis Nabi Curi, e teve participação do presidente da Fieg, Sandro Mabel; do presidente da Goinfra, Pedro Sales; e do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Celmar Rech. “Hoje, somente 9% das empresas usam o BIM para compatibilização e gestão de projetos. No setor público, esse indicador é ainda menor. Nossa meta, por meio do trabalho realizado pela CIC e pelo Senai, é aumentar essa proporção para 50%, inclusive expandindo esse esforço para as cidades do interior”, afirmou Sandro Mabel, na abertura do evento. Realizado em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Senai, o workshop contou com apresentação do consultor Rogerio Suzuki; do diretor da Faculdade Senai Fatesg, Dario Queija; e da gerente BIM da Sinco Engenharia, Priscila Castro. De acordo com dados apresentados pelo consultor da CBIC, cerca de 61% das obras realizadas no Brasil são entregues com atraso e 63% delas têm custo final acima do planejado. Os dados fazem parte da Coletânea Guias BIM CBIC, que ouviu mil profissionais e empresas das áreas de projetos, construção e incorporação.A pesquisa revela ainda que a implantação da ferramenta BIM melhora a visualização e o entendimento de projetos (99%), reduz problemas causados por projetos em obras (100%), melhora o controle dos prazos (99%) e otimiza o controle dos custos (99%). Para Rogério Suzuki, o principal desafio na implantação da tecnologia é a mudança comportamental dos profissionais envolvidos. “Não se faz BIM sem profissionais qualificados e preparados. Não é só tecnologia, mas processos e políticas que permitem a construção colaborativa. É preciso mudar o mindset. É fundamental definir uma estratégia e saber onde quer chegar. A ferramenta otimiza essa gestão ao padronizar ações”, explicou. O diretor da Faculdade Senai Fatesg, Dario Queija, reforçou a percepção sobre a necessidade de se investir na qualificação dos profissionais envolvidos no processo e reafirmou a capacidade técnica do Senai em assessorar e auxiliar as empresas goianas interessadas em investir em recursos humanos. “O principal ativo são as pessoas, porque isso se desdobra no dia a dia, em comportamento, em interesse. Temos a estrutura e as ferramentas para formar colaboradores preparados e o Senai está pronto para apoiar as empresas do setor”, afirmou. Presente no encontro virtual, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Goiás (Sinduscon-GO), Eduardo Bilemjian, argumentou que a questão da evolução tecnológica é cultural, sendo necessário provocar a discussão e essa transformação. “É um movimento que não acontece do dia para noite. Agora, como fazer isso? Esse é o grande desafio que temos pela frente”, analisou. A gerente BIM da Sinco Engenharia, Priscila Castro, compartilhou a experiência da construtora na implantação da ferramenta. O processo, iniciado em 2011 com a criação do departamento dentro da construtora, evoluiu, em 2014, com a contratação de equipe de projetistas qualificados em BIM, e culminou, em 2017, com a conquista do Prêmio BIM Sinduscon-SP, com case de projeto e obra de shopping center. Desde então, os processos vêm sendo aperfeiçoados, sobretudo com foco em gestão. “O BIM traz clareza para o projeto, que é super importante, sobretudo para a área pública. Nós, como contribuintes, temos que saber o que está acontecendo e o BIM veio para mostrar essa transparência”, ponderou. Setor público O workshop foi acompanhado pelo presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Pedro Sales, que falou sobre o atual cenário da autarquia, responsável pelos projetos de obras civis e rodoviárias do Estado. Segundo ele, foi realizado investimento de cerca de R$ 7 milhões para instalação de centro tecnológico, incluindo compra de equipamentos e licenças de software. “Queremos deixar um legado para a sociedade com a implantação do BIM. Os órgãos públicos têm que ser mais institucionais e menos políticos e a informatização tem importância nessa transparência”. Durante o workshop, foi informada a formação de equipe da Goinfra para qualificação na ferramenta BIM pelo Senai Goiás. Também presente no encontro virtual, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Celmar Rech, afirmou que transparência e comunicação são palavras chaves para que o poder público possa licitar melhor e otimizar o uso dos recursos públicos. “A implantação do BIM vem contribuir com a sanidade fiscal do Estado”. O debate foi acompanhado, ainda, por representantes da Enel, Saneago, da Agência Goiana de Habitação (Agehab) e das secretarias municipais de Goiânia de Infraestrutura (Seinfra) e de Planejamento e Habitação (Seplanh). Participaram do encontro cerca de 320 profissionais do setor, incluindo representantes do Conselho Regional de Engenharia de Goiás (Crea-GO), da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), do Sindicato dos Engenheiros de Goiás (Senge) e da Associação das Empresas de Engenharia (AGE).