• Pesquisa diz que tempestades aumentaram em São Paulo nos últimos anos

    Publicado em 6.03.2020 às 13:56

    Os dias de tempestades, com chuvas superiores a 50 milímetros, aumentaram consideravelmente na Região Metropolitana de São Paulo nos últimos anos. Segundo estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), até a década de 1950 praticamente não há registro de dias com chuva tão forte na Grande São Paulo. No entanto, nos últimos dez anos esse volume é superado em dois ou até cinco dias por ano.

    No início de fevereiro de 2020, as chuvas na capital paulista chegaram aos 114 milímetros em apenas 24 horas, o segundo maior registro desde 1943. Os temporais causaram fortes transtornos, com o registro de 160 pontos de alagamento na cidade.

    O Corpo de Bombeiros recebeu mais de mil chamados de pessoas ilhadas pelas enchentes ou afetadas por deslizamentos de terra.

    “Essas chuvas intensas, com duração de poucas horas e grande volume de água, com 80 ou até mais de 100 milímetros, têm deixado de ser eventos esporádicos. Estão acontecendo com frequência cada vez maior”, disse o coordenador da pesquisa, José Antonio Marengo.

    A análise foi feita a partir dos registros das estações meteorológicas do Mirante de Santana, na zona norte da capital, e do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, no sul da cidade.

    Os dados mostram um aumento dos dias com chuva forte e eventos extremos na Grande São Paulo, especialmente na primavera e no verão. Há também um aumento gradual, ao longo dos anos, do número de dias consecutivos de seca.

    A estação seca, que costumava ficar concentrada entre abril e setembro na maior parte do estado de São Paulo, agora se estende até outubro. Foi verificada ainda redução das noites frias com dias mais quentes, aumentando a frequência e a intensidade de tempestades.

    Causas

    As mudanças no regime de chuvas podem estar, de acordo com o estudo, ligadas a alguns fatores. Um deles é o fenômeno chamado ilha de calor que atinge a metrópole.

    A derrubada da vegetação nativa e o aumento da cobertura do solo com materiais que absorvem muito calor, como asfalto e concreto, elevam as temperaturas durante o dia.

    À noite, o calor acumulado é liberado para a atmosfera e a evaporação de água acelerada, propiciando a formação de nuvens causadoras de grandes temporais.

    As alterações observadas podem ter influência também do aquecimento global e de uma variação natural do clima.

    Os resultados foram publicados nos Anais da Academia de Ciências de Nova York e o estudo teve apoio do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). (Agência Brasil)