• Caoa confirma investimentos de R$ 1,5 bilhão em Goiás

    Publicado em 25.11.2020 às 11:19

    Menos de um mês após a sanção presidencial da Medida Provisória (MP) 98, que prorroga até 2025 os incentivos fiscais para fabricantes de veículos e autopeças nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a Caoa Montadora, em Anápolis, promoveu, segunda-feira (23/11), dia de visita ao complexo industrial, com participação de diretores da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), e confirmou projeto anteriormente anunciado de investimento do grupo, conforme divulgado em outubro pela Goiás Industrial Pauta Extra.

    Segundo o presidente da Caoa, Mauro Correia, a planta goiana terá R$ 1,5 bilhão em investimentos nos próximos dois anos, com  previsão de geração de 2 mil empregos diretos e 25 mil indiretos, além de lançamento de novos veículos e atração de empresas-satélites quando a produção anual ultrapassar as 100 mil unidades mensais, que atualmente é de 86 mil. “Goiás hoje tem, em Anápolis, o mais moderno centro de desenvolvimento de eficiência energética para motores do Brasil, que foi implementado por uma empresa nacional e que é gerenciado por goianos”, ressaltou.

    O vice-presidente da Fieg André Rocha e os presidentes da Fieg Regional Anápolis, Wilson de Oliveira, e do Sindicato das Indústrias de Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Anápolis, Robson Braga, participaram da visita às instalações da Caoa Montadora, que recebeu governador Ronaldo Caiado e os secretários de Indústria e Comércio, Adonídio Neto, de Economia, Cristiane Schmidt, de Cultura, Adriano Baldy, além do prefeito de Anápolis, Roberto Naves.

    Para o vice-presidente da Fieg André Rocha, foi de extrema importância a oportunidade de os executivos da montadora exporem ao governador Ronaldo Caiado a utilização dos incentivos fiscais. “Sem os incentivos, as indústrias teriam distorções no preço, ou elevariam o valor do produto, ou tirariam a competitividade da empresa, com relação aos seus concorrentes. Agora que os incentivos foram prorrogados, a Caoa terá condições de investir e ampliar suas instalações em Anápolis”, ressaltou.


    Governador de Goiás Ronaldo Caiado e o vice-presidente da Fieg André Rocha. Fotos: Adair Batista

    O governador Ronaldo Caiado disse que “Anápolis vai se transformar num parque industrial automobilístico”, mencionando a posição estratégica do município como ponto forte para consolidação do projeto. Conforme analisou, Anápolis tem a seu favor o fato de estar na região central do País, com investimentos já anunciados para melhoria das malhas rodoviárias federal e estadual, além da iminente inauguração de linha férrea e, ainda, o aeroporto de cargas. “Não existe um Estado que tenha tantas alternativas”, sublinhou.

    O secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Adonídio Neto, disse que a consolidação de Anápolis como referência automobilística envolve as empresas que já estão estabelecidas e que a ação é uma via de mão dupla, em que todos ganham. “Nos ajuda a trazer os fornecedores para nosso Estado, para mais perto. Quanto mais a gente verticalizar a produção, mais vai gerar emprego e diminuir os custos logísticos”, afirmou à direção da Caoa. “A pauta em Goiás é o desenvolvimento, a geração de emprego e renda.”

    A secretária da Economia, Cristiane Schmidt, fez questão de acrescentar a desburocratização provocada pelo ProGoiás como outro ponto a favor do Estado. “A ideia é: vai investir, gerar emprego e renda? É bom para o Estado? Então, não tem governador ou secretário que vai dizer sim ou não. Vai fazer porque é bom para os goianos”, salientou.

    O prefeito de Anápolis, Roberto Naves, destacou o diálogo entre município, Estado e Federação como um importante instrumento responsável pelo avanço da região. Também presentes ao evento, o deputado federal Zacharias Calil e o deputado estadual Amilton Filho celebraram os anúncios de investimento no Estado.

    A Federação das Indústrias do Estado de Goiás luta desde o ano passado pela manutenção dos incentivos fiscais para o setor automobilístico no Centro-Oeste. Para o presidente da Fieg, Sandro Mabel, a confirmação de investimentos de cerca de R$ 2 bilhões em Goiás – além de R$ 1,5 bilhão pela Caoa, a Mitsubishi, em Catalão, já havia anunciado investimentos de R$ 500 milhões – evidencia a importância da política de incentivos fiscais para a promoção do desenvolvimento industrial. Ele destacou o desfecho da mobilização, desde o trabalho iniciado na Câmara dos Deputados. “Parabéns ao nosso deputado federal Glaustin da Fokus, realmente foi um trabalho espetacular, onde nós, da Fieg, trabalhamos muito duro na articulação e, só na Câmara, ajudamos a angariar mais de 80 votos. Trabalhamos desde a costura do acordo com o líder do governo, Ricardo Barros, e modificando a orientação de partidos como Republicanos, PSB, com o trabalho do nosso Elias Vaz, PSDB, e dentro de outros partidos. A bancada de Goiás foi excepcional na articulação.”

    Como se sabe, o Centro-Oeste havia sido excluído da prorrogação, o que foi corrigido pela MP 987, garantindo às empresas instaladas na região a possibilidade de apresentar projetos de novos investimentos, pesquisas e desenvolvimento de produtos.

    O caminho que viabilizou a inclusão da região na MP 987/20 e assegurou a manutenção das montadoras instaladas em Anápolis e Catalão ganhou impulso com a aprovação pela Câmara dos Deputados, em 29 de setembro, de emenda de autoria do deputado federal goiano Glaustin da Fokus (PSC), sob argumento de que a ampliação do prazo preservaria 6 mil empregos gerados nos municípios.

    “Foi uma grande vitória. Enxerguei na MP a oportunidade de corrigir uma distorção, já que o Nordeste teria benefícios até 2025”, comemorou Glaustin. Exatamente uma semana depois, no dia 6 de outubro, a MP foi aprovada no Senado na forma de Projeto de Lei de Conversão 40/2020. A exclusão do Centro-Oeste foi considerada pelo relator, deputado André de Paula (PSD-PE), como assimetria e verdadeira quebra da isonomia tributária. O texto sancionado contempla a possibilidade de prorrogação do aproveitamento dos créditos presumidos do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para até 31 de dezembro de 2025.