• Reino Unido: Vacina da AstraZeneca começa a ser administrada

    Publicado em 4.01.2021 às 07:01

    O Reino Unido tornou-se esta segunda-feira o primeiro país a administrar a vacina contra a Covid-19 produzida pela farmacêutica AstraZeneca em conjunto com a Universidade de Oxford. A administração desta vacina surge numa altura em que o país continua a lidar com o aumento de novos casos de infeção, parcialmente provocado pela maior transmissibilidade da nova estirpe do SARS-CoV-2.Mais de meio milhão de doses da vacina da AstraZeneca estão prontas para serem utilizadas a partir desta segunda-feira. O secretário da Saúde falou num “momento fundamental” na luta do Reino Unido contra o vírus.

    As primeiras doses vão ser administradas em hospitais do Serviço Nacional de Saúde britânico em Londres, Oxford, Sussex, Lancashire e Warwickshire e apenas depois em centros comunitários pelo país. Uma das primeiras prioridades será a vacinação de utentes de lares de idosos.

    O primeiro-ministro Boris Johnson expressou esperança de que o ritmo da vacinação no Reino Unido possa aumentar rapidamente para que dezenas de milhões de pessoas fiquem protegidas do novo coronavírus nos próximos meses. O líder não sabe, porém, adiantar de que forma será possível atuar tão rápido.

    “Gostaria de poder dar-vos aqui e agora pormenores sobre os números que já foram divulgados sobre como esperamos vacinar dois milhões de pessoas numa semana e por aí adiante”, disse Boris Johnson à BBC.

    “Não posso dar-vos esses pormenores ainda. O que posso dizer-vos é que esperamos realmente poder vacinar dezenas de milhões de habitantes no decorrer dos próximos três meses”, avançou o chefe do Governo, acrescentando que ainda há “alguns milhões de vacinas da Pfizer por utilizar”.

    Boris Johnson já avisou que, entretanto, as medidas de combate ao vírus “provavelmente serão reforçadas” para tentar travar o avanço da pandemia no país, especialmente numa altura em que uma nova variante tem vindo a espalhar-se mais rapidamente do que o vírus original.

    No domingo foram confirmadas mais de 50 mil novas infeções no Reino Unido pelo sexto dia consecutivo, levando a oposição a pedir ao Governo um terceiro confinamento geral em Inglaterra. A Irlanda do Norte e o País de Gales já se encontram confinados e a Escócia vai hoje discutir o reforço de medidas.
    Estirpe sul-africana preocupa Reino Unido
    Para o secretário britânico da Saúde, Matt Hancock, “este é um momento fundamental na luta do Reino Unido contra este vírus terrível”. O responsável disse esperar que a administração da vacina da AstraZeneca “traga renovada esperança a todos de que o fim desta pandemia está à vista”.

    No entanto, Hancock apelou à população que continue a manter o distanciamento social e a cumprir as regras de modo a que “o número de casos diminua e possamos proteger os nossos entes queridos”, defendendo ainda o aumento de restrições em algumas regiões do país.

    “Há dados muito preocupantes que mostram como o vírus continua a espalhar-se”, lamentou à BBC esta segunda-feira. “A nova estirpe desta doença transmite-se de pessoa para pessoa muito mais facilmente do que a antiga”.

    Por essa razão, o responsável admite que o Governo “não exclui qualquer medida”, nem mesmo um novo confinamento nacional.

    Também a estirpe encontrada na África do Sul está a alarmar o Executivo britânico, tendo o secretário da Saúde admitido uma “grande preocupação”.

    Cientistas britânicos têm também revelado preocupações relativamente à nova variante do SARS-CoV-2, não estando totalmente confiantes de que as vacinas contra a Covid-19 que estão a ser administradas funcionem contra a mesma.

    “Segundo um conselheiro científico do Governo, a razão para a ‘grande preocupação’ de Matt Hancock quanto à variante sul-africana é o facto de não existir confiança de que as vacinas sejam tão eficazes contra ela como são contra a variante do Reino Unido”, avançou o editor da estação britânica ITV.

    Tanto o Reino Unido como a África do Sul descobriram, nos últimos meses, variantes do novo coronavírus que aparentam aumentar a sua transmissibilidade e, consequentemente, elevar o número de casos em ambos os países.(RTP, emissora pública de Portugal)