• Projeção do PIB cai pela 4ª vez e enterra discurso de que reforma aquece a economia

    Publicado em 9.03.2020 às 19:06

    Projeção das instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) sobre crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano jogam uma pá de cal nas análises de especialistas e colunistas. Ele diziam que a economia brasileira só voltaria a crescer com a aprovação de reformas que tiram direitos da classe trabalhadora, como as mudanças nas regras da Previdência. Sem essa reforma, diziam os analistas, o país não voltaria a crescer porque o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) não teria recursos para investir.

    O Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) chegou a projetar que a reforma da Previdência poderia ampliar o crescimento do PIB –  soma de todos os bens e serviços produzidos no país – de 2,5% para 3% ou mais.

    No mundo real, apesar de milhares de trabalhadores e trabalhadoras terem perdido o direito à aposentadoria, o Boletim Focus, divulgado pelo BC esta segunda-feira (9), derrubou pela quarta vez a projeção do PIB em 2020 – de 2,17% para 1,99%.

    Em 2019, como revelou o IBGE na quarta-feira (4), o PIB registrou crescimento pífio, de 1,1%, percentual menor do que o registrado em 2018 e em 2017 (1,3%), depois da aprovação, em novembro de 2017, da reforma Trabalhista do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), que também ajudaria a aquecer a economia e a gerar emprego e renda.

    A estimativa das instituições financeiras para os anos seguintes – 2021, 2022 e 2023 – permanece em 2,50%.

    Inflação

    A estimativa para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu de 3,19% para 3,20%.

    Para 2021, a estimativa de inflação se mantém em 3,75%. A previsão para os anos seguintes também não teve alterações: 3,50% em 2022 e 2023.

    A projeção para 2020 está abaixo do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4% em 2020. Para 2021, a meta é 3,75% e para 2022, 3,50%. O intervalo de tolerância para cada ano é 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, em 2020, por exemplo, o limite mínimo da meta de inflação é 2,5% e o máximo, 5,5%.

    Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 4,25% ao ano. Para o mercado financeiro, a Selic deve ser mantida no atual patamar até o fim do ano. Em 2021, a expectativa é de aumento da taxa básica, encerrando o período em 5,5% ao ano. Na semana passada, a previsão estava em 5,75% ao ano, ao final de 2021. Para o fim de 2022 e 2023, a previsão foi mantida em 6,5% ao ano.

    Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

    Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já a manutenção da Selic indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação.

    Por CUT