OMS na China: o vírus já se espalhava no início de dezembro de 2019

Publicado em 15.02.2021 às 07:46

Os elementos da Organização Mundial da Saúde (OMS) enviada à China para investigar a origem do novo coronavírus encontraram sinais de que o surto foi muito mais amplo em Wuhan do que o inicialmente revelado. E que já em dezembro de 2019 o vírus circulava em força. Os investigadores pretendem agora ter acesso a milhares de análises ao sangue realizadas à população, algo que a China tem recusado fornecer até agora. O que já está a provocar uma troca acesa de acusações entre Pequim e Washington.Em entrevista à CNN, o líder da equipa de investigadores da OMS afirmou que descobriram vários sinais de que o vírus estava muito mais ativo e muito mais espalhado em dezembro de 2019 do que aquilo que as autoridades chinesas revelaram.
De acordo com Peter Ben Embarek, da OMS, “o vírus circulava amplamente em Wuhan em dezembro, o que é um dado novo”.
Os investigadores falaram com aquele que é considerado pelos chineses como a primeira pessoa infetada com o vírus. Um funcionário de um escritório, com cerca de 40 anos, que ficou infetado a 8 de dezembro de 2019. Sem qualquer registo de viagens significativas, este facto aponta no caminho de que o vírus já estava a circular substancialmente na cidade de Wuhan por esta altura.
Recentemente os investigadores aprofundaram o tipo de material genético do vírus, proveniente de casos iniciais. O que lhes permitiu observar amostras genéticas parciais, em vez de completas. 
Isto permitiu reunir pela primeira vez 13 sequências genéticas diferentes do vírus SARS-COV-2 que circulava em dezembro de 2019. Estas sequências, caso analisadas em simultâneo com mais dados de doentes na China em 2019, podem revelar pistas valiosas sobre a geografia e o momento do surto antes de dezembro.
Ou seja, os cientistas da OMS seguem a pista, porque há essa possibilidade, de que o vírus já circulava na China antes de dezembro de 2019.
Para isso, os investigadores da OMS têm de ter acesso a dados de milhares de amostras de sangue realizadas pelas autoridades chinesas à população. Só que a China recusou-se a partilhar esses dados com a Oganização Mundial da Saúde, acusou este sábado um dos cientistas que faz parte do grupo de investigadores.
Esta situação levou, no fim de semana, a Casa Branca a estabelecer contacto com Pequim para exigir que esses dados fossem partilhados.
A resposta não tardou, com um porta-voz da embaixada chinesa a afirmar que os EUA detioraram a cooperação multilateral com a Organização Mundial da Saúde durante os últimos anos e não deviam estar a “apontar dedos” à China e a outros países que apoiaram a OMS durante a pandemia de Covid-19.(RTP, emissora pública de Portugal)