Economistas do Brasil pedem medidas mais duras para travar pandemia

Publicado em 22.03.2021 às 20:13

Duas centenas de economistas brasileiros, incluindo ex-ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais, instaram o Governo brasileiro a acelerar a vacinação e adotar restrições mais duras para conter a disseminação desenfreada da covid-19.

Os signatários da carta hoje publicada condenaram a “devastadora” situação económica e social na maior nação da América Latina. Os economistas também tentaram contrariar a afirmação do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de que confinamento obrigatório e restrições infligiriam mais sofrimento à população do que a doença.

“Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do Governo Federal”, dizia a carta. 

“Este (Governo Federal) subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia. Sabemos que a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população. Infelizmente, estamos atrasados”, acrescenta o texto, frisando a urgência na adoção de medidas drásticas de isolamento social.

O grupo contestou ainda os argumentos de Bolsonaro, de que o isolamento social provoca pobreza, e consequente morte.

“A controvérsia em torno dos impactos económicos do distanciamento social reflete o falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável. Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho económico sugerem que os países com pior desempenho económico tiveram mais óbitos de covid-19”, sustenta o texto.

“Estudos mostraram que diante da aceleração de novos casos, a população responde ficando mais avessa ao risco sanitário, aumentando o isolamento voluntário e levando à queda no consumo das famílias mesmo antes ou sem que medidas restritivas formais sejam adotadas. A recuperação econômica, por sua vez, é lenta e depende da retomada de confiança e maior previsibilidade da situação de saúde no país”, frisa a carta.(RTP, emissora pública de Portugal)