• Morre Nilma Maria Naves do Carmo, primeira mulher a comandar o MP-GO

    Publicado em 9.04.2021 às 21:52

    Com sentimento de pesar, a Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás comunicou o falecimento, nesta sexta-feira (9/4), em Goiânia, da procuradora de Justiça aposentada Nilma Maria Naves Dias do Carmo, aos 78 anos, vítima da Covid-19.

    Na história do Ministério Público goiano, ela marcou seu nome como a primeira mulher a assumir o cargo de procuradora-geral de Justiça, comandando a instituição no biênio 1993-1995. Em razão do falecimento, foi decretado luto oficial por sete dias no Ministério Público de Goiás (MP-GO), conforme o Ato PGJ nº 29/2021 .

    Natural de Iraí de Minas (MG), Nilma graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Goiás, ingressando no Ministério Público de Goiás em junho de 1966. Em entrevista para o livro Memória do MP, ela recordou: “Tive sempre meu gabinete aberto aos promotores. Eu me lembro que os juízes tinham até inveja, nessa parte, porque ninguém falava com o presidente do Tribunal nem desembargador nenhum. O promotor entrava e eu dizia: ‘a porta está aberta, entra aqui’”.

    Suas primeiras comarcas foram Araguacema e Porto Nacional (ambas atualmente pertencentes ao Estado do Tocantins), seguidas das comarcas de Luziânia e Goiânia. Em 23 de setembro de 1986, foi promovida a procuradora de Justiça. Ao assumir o cargo de procuradora-geral de Justiça, em 1993, procedeu a uma ampla renovação estrutural da instituição. Aposentou-se em maio de 1995, mas o envolvimento com os destinos da instituição foi tamanho que Nilma não deixou de sempre se referir ao Ministério Público de Goiás como “um filho, um dos grandes amores da vida, depois da família”.

    Dra Nilma Naves Agmp Foto Vertical

    Lutas pela carreira 
    O envolvimento com a luta classista começou cedo, tão logo Nilma percebeu que seria premente a batalha a ser travada em favor das melhorias na instituição. Conforme destacado no livro, a busca preliminar não era só de isonomia salarial com a magistratura, muito mais haveria de ser feito: o Ministério Público não poderia prescindir de maior projeção na sociedade.

    E ela prosseguia a luta: preparou o terreno para sonho antigo – a construção da nova sede do Ministério Público de Goiás – e, nas gestões posteriores à sua, acompanhou de perto a edificação da obra. Fez mais: plantou árvores – não ordenando os trabalhos, mas, literalmente, cuidando de preparar a terra, escolhendo mudas, plantando-as nas covas, calculando de projetar as sombras com o verde que hoje rodeia a sede. Foi ainda em sua gestão como procuradora-geral de Justiça que a recomposição salarial foi alcançada.

    Ela também relatou ao livro de memória o orgulho de ter sido presidente da Associação Goiana do Ministério Público (AGMP), no biênio 1992-1994. Ter estado à frente desta organização classista significou para sua carreira um marco inestimável. É que, como ela mesma costumava dizer, “a unanimidade da classe é ser presidente da AGMP, porque ali votam os inativos e os membros da ativa”. 

    Referência na instituição 
    Sobre o fato de ter sido a primeira mulher a ocupar o cargo de procurador-geral de Justiça, Nilma dizia que nunca havia encontrado dificuldades em sua atuação. “Sempre fui respeitada. O mesmo tratamento que dariam a um procurador foi dado a mim. Nunca tive dificuldade no exercício da minha função no Ministério Público. Nunca tive dificuldade por ser mulher”, relatou Nilma em depoimento ao livro O MP na Comarca: Exército de um Homem Só (volume II).

    Em 2018, ela foi uma das quatro mulheres homenageadas pela instituição em suas redes sociais, em celebração do Mês das Mulheres. O reconhecimento se deu por ter sido uma das precursoras da atuação feminina no MP-GO ao longo do século 20, exercendo de forma autônoma e independente suas atividades em defesa dos interesses sociais, da ordem jurídica e do regime democrático. (Texto: Cristina Rosa/Assessoria de Comunicação Social do MP-GO Fotos: João Sérgio Araújo e AGMP)

    Dra Nilma Naves 02 Agmp


    Depoimentos de membros do MP-GO sobre Nilma Maria Naves do Carmo

    Lamentável o passamento da Dra. Nilma, figura extremamente importante em momentos decisivos da nossa instituição. Carinhosa, acolhedora, compreensiva, empática, enfim, uma grande pessoa, que merece todas as nossas homenagens.
    Abraão Júnior Miranda Coelho, procurador de Justiça

    Com imensa tristeza perdemos hoje uma grande líder, amiga, um exemplo de dedicação e de amor ao próximo! Nilma, mulher que muito fez pelo Ministério Público e também por todos os seus integrantes. Em tudo o que fez, havia amor, dedicação e entrega.
    Aylton Flávio Vechi, procurador-geral de Justiça

    Dra. Nilma era especial para cada um de nós e foi uma referência muito importante para nossa Instituição. Nosso MP está de luto.
    Ana Cristina Ribeiro Peternella França, procuradora de Justiça

    Dra. Nilma encarnou em sua vida e sua história os mais altos valores humanos e cristãos. Cada gesto e cada palavra sua eram plenos de respeito, atenção e o amor que ela tinha ao próximo. 
    Cyro Terra Peres, subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Administrativos

    Nilma Maria será uma amiga luminosa, parceira firme nos inesquecíveis happy hours da inestimável AGMP. A saudade dói.
    Eliseu José Taveira Vieira, procurador de Justiça

    Dra Nilma foi precursora de tantos avanços para o MP-GO e nosso MP brasileiro: a primeira mulher PGJ, aquela que abriu a administração para o novo. Uma grande mulher, dadivosa, de fibra e de dedicação incansável ao MP. 
    Ivana Farina Navarrete Pena, procuradora de Justiça

    Dra Nilma, a alma mais pura que tive a felicidade de conhecer. Uma mãezona. Minha eterna gratidão a ela.
    Wilson Nunes Lúcio, promotor de Justiça