Brasil caiu 6 posições em número de mulheres no parlamento
Nesta semana, a União Interparlamentar (IPU) e a ONUMulheres divulgaram o Mapa Global de Mulheres na Política de 2020. O estudo apresenta rankings globais para mulheres em cargos executivos, governamentais e parlamentares, a partir de 1 de janeiro de 2020.
O estudo revelou que o Brasil caiu seis posições em número de mulheres no parlamento, em relação ao ano passado. Atualmente, ocupamos o 140º lugar numa lista de 193 países. Na América Latina, o Brasil está à frente apenas de Belize (169º) e Haiti (186º). Com apenas duas mulheres entre os 22 ministérios (9,1%), passamos a ocupar a 154ª posição em cargos ministeriais se comparado com 190 países do ranking.
Paula-Mae Weekes, presidenta de Trinidad e Tobago
Na América Latina, três mulheres ocupam o posto máximo de governo em seus respectivos países: Trinidad e Tobago, Barbados e Bolívia, segundo os critérios da ONU — esse número caiu pela metade em relação a 2015. A nossa região sofreu um declínio significativo no número de presidentas entre 2015, quando havia seis, e 2017 quando caiu para apenas uma.
“Por conta do acirramento conservador e fascista no Brasil, a resistência à atuação de mulheres no parlamento e na liderança políticatem crescido assustadoramente. Quando uma mulher progressista ocupa um espaço, ela mexe na estrutura de poder, porque impõe uma outra lógica: a lógica da igualdade, da justiçasocial e da diversidade”, explica Anne Karolyne, secretária nacional de mulheres do PT.
No restante do mundo, a realidade da falta de representação feminina não é diferente: as mulheres estão sub-representadas em todos os níveis de poder.
Atualmente, vinte países têm mulheres Chefes de Estado e de Governo – contra 19 países em 2019. Apesar do ligeiro aumento, o resultado é que menos de um décimo dos países são liderados por mulher hoje. Dessas lideranças femininas, mais da metade das chefes de Estado e de governo estão na Europa. E quase todos os governos dos países nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega) são chefiados por uma mulher, com exceção da Suécia. Três mulheres estão servindo como Chefes de Estado ou de Governo na Ásia (Bangladesh, Nepal, Cingapura), uma na África (Etiópia) e uma no Pacífico (Nova Zelândia).
Nenhum país da região dos Estados Árabes teve mulher Chefe de Estado ou Governo.
“Criamos um mundo onde as mulheres são espremidas em apenas 25% dos espaços de decisão e no parlamento. Sabemos que mais mulheres em altos cargos públicos levam a políticas que beneficiam toda a sociedade. Mulheres e meninas são radicalmente impacientes por mudanças e estamos pedindo aos líderes e parlamentares que tomem as ações necessárias para garantir que suas vozes sejam ouvidas e suas prioridades refletidas”, afirma a diretora executiva da ONU para Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka.
Em 1 de janeiro de 2020, 6,6% dos Chefes de Estado eleitos eram mulheres (10 de 152) e 6,2% de Chefes de Governo (12). de 193); em dois desses países (Bolívia e Suíça), o Chefe de Estado e de Governo é o mesmo. No parlamento, a situação se repete: os homens ainda ocupam ¾ dos assentos parlamentares.
Apesar do lento progresso na representação das mulheres entre líderes mundiais, apenas oito mulheresestavam no poder quando a IPU e a ONU Mulheres lançaram uma das primeiras edições do Mapa, em 2005. Esses dados são divulgados no marco de aniversário de 25 anos da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, que estabeleceu a meta internacional para alcançar o equilíbrio de gênero na tomada de decisões políticas.