• EUA vão partilhar até 60 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca com outros países

    Publicado em 27.04.2021 às 08:15

    A Casa Branca anunciou que os Estados Unidos vão partilhar com outros países vacinas contra a Covid-19 da AstraZeneca nos próximos meses. O Presidente Joe Biden prometeu ao primeiro-ministro indiano apoio no combate à pandemia. Em causa estão até 60 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, que poderão ser disponibilizadas a outros países logo que as autoridades sanitárias norte-americanas derem luz verde a esta vacina. É uma espécie de alargamento do plano inicial de partilha de cerca de quatro milhões de doses com o México e o Canadá.
    A vacina da AstraZeneca ainda não foi aprovada pela autoridade que regula os medicamentos nos Estados Unidos, a FDA. No entanto, o Governo tem vários milhões doses armazenadas e outras em fase final de produção. Vacinas que agora se propõe partilhar.
    Os Estados Unidos terão reservas e encomendas para vacinar toda a população norte-americana elegível até ao início do verão com doses da Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson, as vacinas que já têm aprovação de uso no país.
    “Dado o forte portefólio de vacinas que os EUA já possuem, e que foram autorizadas pela FDA, e dado que a vacina da AstraZeneca não está autorizada para uso nos EUA, não precisamos de usar esta vacina aqui durante os próximos meses”, disse Jeff Zients, coordenador do plano de combate à covid-19 na Casa Branca. Andy Slavitt, um dos conselheiros do plano partilhou a decisão nas redes sociais.

    De acordo com os mais recentes dados oficiais, mais de 53% dos adultos nos EUA já receberam pelo menos uma dose da vacina.
    “Assim, os Estados Unidos estão a procurar opções para compartilhar as doses da AstraZeneca com outros países à medida que estas ficarem disponíveis”. Isso equivale a um primeiro lote de dez milhões de vacinas e depois outros 50 milhões de doses, que ainda estão em produção. 

    A Casa Branca tem sido alvo de acusações de açambarcamento de vacinas enquanto outros países estão em necessidade urgente. Os críticos apontam o dedo ainda ao caminho perdido na “diplomacia das vacinas”, enquanto Rússia e China apostam numa política internacional “agressiva” de doação de vacinas. 

    A vacina da AstraZeneca está em uso generalizado um pouco por todo o mundo, mas ainda não foi autorizada nos EUA pela FDA. No entanto, antes que qualquer dose seja exportada, a FDA vai fazer uma avaliação da qualidade do produto.
    A situação mundial, em particular na Índia suscitou a necessidade de “olhar para fora” por parte dos Estados Unidos. Jen Psaki, a porta-voz da Casa Branca para a imprensa, revelou que estão a ser avaliadas várias hipóteses de prestar apoio àquele país, devastado por uma mortífera segunda vaga. 

    “Precisam neste momento de oxigénio; estamos focados em ajudar nessa área, bem como no fornecimento de equipamento de proteção, testagem e outro material”, realçou. “O envio de vacinas vai demorar mais”, explicou, porque ainda é necessária a avaliação de qualidade da FDA.
    Joe Biden falou ao telefone com o primeiro-ministro indiano Norendra Modi, e também se revelou preocupado com as dificuldades do Governo indiano no combate à pandemia, pelo que prometeu “apoio inabalável” dos Estados Unidos.
    “O Presidente prometeu apoio inabalável da América ao povo indiano”, disse a Casa Branca, num comunicado que relata a conversa telefónica entre os dois líderes, lembrando que os EUA já se tinham comprometido com ajuda sanitária à Índia.
    Os EUA deverão enviar para a India sistemas de oxigénio, ventiladores, kits de teste, medicamentos para terapia – Remdesivir- e equipamentos de proteção individual.

    A Índia tem vindo a bater diariamente os recordes mundiais de mortes e de novos casos de infetados. Os hospitais estão sobrelotados, incapazes de receber todos aqueles que necessitam de cuidados, e a braços com a falta de oxigénio para os pacientes. Formam-se longas filas de doentes à porta dos hospitais. Muitos acabam por falecer ali mesmo.
    Quase dez por cento da população de 1,3 mil milhões de pessoas já recebeu pelo menos uma dose da vacina. Cerca de 1% está totalmente vacinada com as duas doses.
    O Instituto Serum da Índia, o maior produtor nacional de vacinas, deverá aumentar a produção, depois de o Governo ter aprovado 400 milhões de dólares de apoio para aumentar a produção até final de maio.(RTP, emissora pública de Portugal)