• Em balanço da CPI, senadores comemoram decisão de Fux

    Publicado em 14.07.2021 às 07:30

    Em entrevista coletiva ao fim da reunião da CPI da Pandemia nesta terça-feira (13), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente do colegiado, classificou como “grande vitória” a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Para ele, a decisão é clara ao estabelecer os marcos do direito ao silêncio à luz de cada caso concreto, e segundo ele desmonta um artifício jurídico montado pela empresa Precisa, em colaboração com o governo federal, com o fim de manipular as decisões do STF.

    — O direito ao silêncio é um instrumento para não se autoincriminar, mas não pode ser utilizado como escudo para impedir que a investigação avance — definiu.

    Randolfe acrescentou que o direito ao silêncio já foi usado por vários depoentes, mas espera que, depois da decisão de Fux, os próximos que tentarem recorrer ao STF com a finalidade de obstruir a atuação da CPI vão “pensar duas vezes”. Para ele, caso os depoentes se recusem a responder aos questionamentos na comissão, poderão incorrer em crime de falso testemunho e podem ser presos.

    O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL) acrescentou que, durante o depoimento, a diretora da Precisa, Emanuela Medrades, negou-se a responder perguntas elementares sobre sua relação de trabalho com a Precisa e outras empresas. Renan Calheiros disse esperar que a audiência de amanhã — que também ouvirá Emanuela — seja mais proveitosa.

    — Serão depoimentos importantíssimos do ponto de vista dessas negociatas que ocorreram nos bastidores da aquisição das vacinas no Brasil.

    Renan Calheiros também classificou a vacina Covaxin de “uma espécie de lixo na Índia” e apontou as condições incomuns na compra do imunizante pelo Ministério da Saúde. Ele salientou que a Precisa tem dado demonstrações de poder político e econômico e tentou burlar o sorteio eletrônico do STF. O relator afirmou ainda a CPI está cumprindo sua missão de investigar fato que não estava tendo a atenção dos canais competentes regulares.

    — A CPI não vai expor ninguém ou vai fazer perguntas ou ‘pegadinhas’ para fazer alguém se autoincriminar. O que queremos é o esclarecimento definitivo dos fatos — disse Renan.

    O senador Humberto Costa (PT-PE) acusou o governo de aparelhar as instituições do Estado para impedir o aprofundamento das investigações. Ele citou antecedentes do “golpe” da Precisa no Ministério da Saúde.

    — A Precisa tornou-se intermediária dessa venda bilionária de vacinas porque foi sugerida por alguém de dentro do governo — declarou.

    Próximos passos

    Foi antecipado para esta quarta-feira (14) o depoimento de Francisco Maximiano, sócio-presidente da Precisa Medicamentos, juntamente com o depoimento de Emanuela Medrades, que acabou sendo adiado. Está previsto para quinta-feira (15) o comparecimento à CPI do procurador da Davati Medical Supply, Cristiano Alberto Carvalho, e, para sexta-feira (16), o de Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos Deputados.

    Fonte: Agência Senado