• Sebrae participa de diálogo latino-americano sobre desenvolvimento no contexto da pandemia

    Publicado em 6.08.2020 às 12:50

    A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em conjunto com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio (UNCTAD), realizou nesta quarta-feira (5) diálogo regional entre as autoridades que atuam no tema competitividade e órgãos governamentais que promovem o setor das médias, pequenas e microempresas. Os principais assuntos tratados no evento foram a análise dos cenários econômicos globais e na América Latina e como a pandemia está afetando diretamente os pequenos negócios.

    O diretor técnico do Sebrae, Bruno Quick, participou do encontro e chamou atenção para a dimensão do impacto causado pela pandemia sobre os pequenos negócios no Brasil. De acordo com ele, 75% dos pequenos negócios tinham sido severamente atingidos pela pandemia, de acordo com pesquisa recente realizada pelo Sebrae, em todos os estados e no DF. Entretanto, segundo a sondagem que ouviu mais de 6 mil empreendedores, apenas 3% das micro e pequenas empresas do país efetivamente fecharam as portas por conta da pandemia.

    Bruno ressaltou a importância das medidas adotadas pelo governo brasileiro que permitiram aos pequenos negócios desonerar os custos trabalhistas, alongar o prazo do pagamento de impostos e negociar dívidas com fornecedores, além de ampliar o acesso a crédito. “Estamos vendo que, mesmo com a crise, há um grande número de pessoas buscando no empreendedorismo formal, em especial na figura do Microempreendedor Individual (MEI), uma alternativa para geração de renda”, ressalta.

    O objetivo do diálogo foi identificar possíveis ações e políticas que, a partir da competitividade de mercado, possam contribuir para a recuperação da economia, em especial das pequenas empresas, seriamente afetadas pela pandemia da COVID19. Segundo Mário Cimoli, Secretário Executivo Adjunto da CEPAL, as estimativas da organização apontam que cerca de 2,7 milhões de empresas podem fechar as portas antes do final de 2020. Isso equivale a 19% de todas as empresas formais no continente. Nesse universo, indica Mário, a maioria esmagadora é constituída por microempresas (cerca de 2,6 milhões). “Estamos vivendo a maior crise desde a Segunda Guerra Mundial e devemos registrar um retrocesso de 10 anos no bem-estar social das populações da América Latina. Os setores mais afetados concentram mais de um terço do emprego formal e um quarto do PIB da região”, comenta Mário Cimoli.

    De acordo com o Secretário Executivo, a pandemia provocou uma profunda reorganização das cadeias produtivas. Nesse contexto, ele fez alertas importantes aos governos. O primeiro diz respeito a proteger as economias regionais de um comportamento neoprotecionista dos países industrializados, que pode afetar diretamente a possibilidade de desenvolvimento dos países do continente. Outa preocupação diz respeito ao papel do Estado. Para Cimoli, a Covid-19 impõe um novo papel aos Estados na condução da economia. “O Estado deve assumir seu papel como tomador de risco. É essencial definir regras de intervenção estatal para manter vivos os incentivos e os investimentos privados”, comenta o secretário. A CEPAL alerta ainda sobre o tema da digitalização, que necessita de marcos legais e institucionais de proteção de dados, privacidade e antimonopólios, de modo a evitar o abuso do poder de mercado derivado da concentração e incentivar a competitividade.

    Para o diretor do Sebrae, Bruno Quick, a saída para a crise vai depender principalmente das políticas públicas que permitam a recuperação da produção das empresas. “As pequenas empresas precisam ter acessos a recursos que não sejam apenas dos bancos. Sabemos que o sistema financeiro tem aversão ao risco. Nesse sentido, o governo precisa investir recursos públicos que assegurem aos empreendedores o fôlego necessário nesse momento”, comenta.

    Outra medida seria dar mais transparência às margens de custo cobradas pelas plataformas digitais, registra Quick. “O cliente que compra os produtos de bares e restaurantes, por exemplo, precisa ter maior clareza sobre as taxas cobradas por essas plataformas”. O Diretor Técnico do Sebrae concluiu evidenciando o trabalho que a instituição vem fazendo na qualificação dos empreendedores para o enfrentamento da crise, para a inclusão digital dos pequenos negócios e para a ampliação das políticas de crédito.